Direito de Retirada: Protegendo os Acionistas em Empresas de Capital Aberto

27/10/2023

O direito de retirada é um mecanismo crucial estabelecido pela Lei 6.404/76, com o objetivo de resguardar os interesses dos acionistas em empresas de capital aberto. Neste artigo, vamos explorar o que exatamente é o direito de retirada, quando ele pode ser exercido e como funciona.

O que é o Direito de Retirada?

O direito de retirada, como o próprio nome sugere, é o direito conferido aos acionistas de se desligarem da sociedade anônima em que investiram, vendendo suas ações de volta à empresa. Isso ocorre em situações específicas em que mudanças significativas na estrutura da empresa podem prejudicar os interesses dos acionistas.

Base Legal

A Lei 6.404/76, conhecida como a Lei das Sociedades por Ações, estabelece as bases legais para o direito de retirada. Os artigos 136, 136-A e 137 são particularmente relevantes. Os artigos 136 e 136-A estipulam que, para matérias que afetam os interesses dos acionistas, é necessária a aprovação de acionistas que representem, no mínimo, metade dos votos conferidos pelas ações com direito a voto. Isso visa garantir que decisões significativas sejam tomadas com um quórum mínimo, protegendo, assim, os interesses dos acionistas.

Essas situações incluem, entre outras:

 ·  Criação ou aumento de ações preferenciais.
 ·  Alterações nas preferências dessas ações.
 ·  Redução do dividendo obrigatório.
 ·  Fusão.
 ·  Participação em grupo de sociedades.
 ·  Mudança do objeto da companhia.
 ·  Cisão da companhia.
 ·  Aprovação da inserção de convenção de arbitragem no estatuto social da companhia.

Os artigos 136-A e 137, por sua vez, estabelecem que a aprovação das matérias mencionadas acima concede ao acionista dissidente o direito de retirar-se da companhia. Isso significa que um acionista que discorde da decisão da maioria pode optar por vender suas ações de volta à companhia e receber o reembolso pelo valor delas. Esse direito é uma salvaguarda para os acionistas minoritários em situações que afetam significativamente seus interesses.

Como Funciona o Direito de Retirada?

O processo de exercer o direito de retirada é relativamente direto. Quando uma decisão relevante, como as mencionadas acima, é aprovada, os acionistas que discordam da decisão têm o direito de solicitar a retirada. Eles podem vender suas ações de volta à empresa pelo valor estipulado.

É importante observar que o direito de retirada não se aplica automaticamente. O acionista que deseja exercer esse direito deve notificar a empresa dentro do prazo de 30 dias a partir da publicação da ata da assembleia geral que aprovou a decisão. Após esse prazo, o direito de retirada decairá.

Também é essencial compreender que o direito de retirada não se aplica em situações específicas, que são exceções ao seu exercício. De acordo com a Lei das Sociedades por Ações, essas exceções ocorrem em casos de:

 1-  Aumento da quantidade de ações preferenciais ou alterações em suas preferências, onde somente os detentores das ações prejudicadas têm o direito de retirada.
 2-  Fusão da companhia ou sua participação em grupos de sociedades, onde o direito de retirada não se aplica às ações que tenham alta liquidez e ampla dispersão no mercado.
 3-  Cisão da companhia, onde somente haverá o direito de retirada se a cisão resultar em (i) mudança no objeto social, a menos que o patrimônio cindido seja transferido para uma empresa cuja atividade principal seja a mesma da empresa cindida, (ii) redução do dividendo obrigatório ou (iii) participação em um grupo de sociedades.
 4-  Inclusão de convenção de arbitragem no estatuto social da companhia, em casos específicos em que (i) for uma condição para que seus valores mobiliários sejam listados em bolsas de valores ou mercados de balcão organizado que exijam uma dispersão acionária de pelo menos 25%, ou (ii) for efetuada no estatuto social de companhia aberta cujas ações são líquidas e amplamente dispersas no mercado.

Protegendo os Acionistas Minoritários

Em resumo, o direito de retirada desempenha um papel crucial na legislação societária, na medida em que oferece uma salvaguarda vital aos acionistas minoritários. Ele concede a esses investidores a capacidade de sair de uma empresa quando decisões significativas, que possam afetar negativamente seus investimentos, são aprovadas pela maioria. Isso age como um contrapeso de poder, assegurando que os interesses dos acionistas, mesmo daqueles que discordam de uma decisão, sejam devidamente considerados.

Em última análise, compreender o direito de retirada é um elemento fundamental na jornada de educação financeira. Ter conhecimento sobre seus direitos como investidor é crucial para tomar decisões bem fundamentadas e proteger seus interesses financeiros. Portanto, incentivamos você a aprofundar seu entendimento sobre o universo das finanças e da legislação societária, bem como a buscar informações adicionais sobre seus direitos como investidor.

Lembre-se de que a educação financeira é a chave para navegar com confiança pelo mercado de capitais e garantir que suas escolhas de investimento sejam sólidas e bem informadas.

Até a próxima,

Equipe Papo Regulatório

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